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“Nove mil dias e uma só noite” de Jessica Brockmole

Ficha técnica

Título – Nove mil dias e uma só noite

Autora – Jessica Brockmole

Editora – Editorial Presença

Páginas – 254

Opinião

Este é o último texto que deixo no blogue em 2017. Mas não é sobre o último livro lido este ano, pois planeio terminar a leitura de Desnorte e de Missão Impossível que estou a ler na companhia do filhote antes de entrar no novo ano.

Nove mil dias e uma só noite é um romance epistolar. Está todo ele preenchido de cartas escritas antes e aquando da Primeira Grande Guerra e na segunda metade do ano de 1940. Através de um vaivém constante e ininterrupto de missivas, vamos conhecendo várias personagens, principalmente Elspeth, David, Margaret e Paul. A 5 de março de 1912, David Graham envia, desde Urbana, Illinois, EUA, uma carta a Elspeth Dunn (poetisa que vive na ilha escocesa de Skye), transmitindo-lhe a admiração e gosto que sentiu ao ler um dos seus livros de poesia. Esta será a primeira de inúmeras cartas que os dois irão trocando, nas quais irão, pouco a pouco, pondo de lado o tom mais formal e pretensioso e transformando o papel e a tinta num laço de amizade, intimidade e posteriormente amor. Quase trinta anos mais tarde, Margaret, filha de Elspeth, usará, por sua vez, as cartas para comunicar com o noivo, piloto da RAF, e para tentar saber quem foi a sua mãe enquanto jovem, para desvendar o que ela nunca lhe contou e assim conhecer o “primeiro volume” da história da sua vida.

Considero que um romance epistolar pode não cativar a atenção do leitor de forma tão imediata como o faz um romance de outro género. Pode tornar-se repetitivo, enfadonho e impedir que tenhamos um conhecimento tão omnisciente como normalmente temos quando a narrativa se preenche de personagens e narrador. Porém, o romance de Jessica Brockmole está muito bem estruturado, as cartas abordam temas muito diversos, vamos compreendendo nas entrelinhas muito do que só será plenamente revelado mais tarde e o facto de as cartas de Elspeth estarem intercaladas com as de Margaret torna a leitura mais agradável e menos monótona. Por todas estas razões, senti que Nove mil dias e uma só noite me entreteve de forma muito satisfatória nestes dias frios e chuvosos, me possibilitou viajar e visualizar as paisagens deslumbrantes desse país que tanto quero conhecer – Escócia –, me aqueceu com a história de um amor memorável e semeou nostalgia por esses tempos nos quais um pedaço de papel escrito e enviado num sobrescrito podia literalmente mudar a nossa vida.

Foi assim uma leitura agradável, mas que facilmente será posta de lado e “engolida” pelas que se lhe seguirem, já que me ofereceu uma bonita história de amor, me levou de novo aos cenários de guerra pelos quais sou viciada, mas nada mais. É demasiado levezinha, não há intensidade, complexidade nem aprofundamento suficientes. Pelo menos para mim não há. Cumpriu o seu papel – entreteve-me.

Não posso terminar sem referir que embirrei desde o início com o seu título pomposo e que não o consegui entender na totalidade. Compreendi a parte dos “nove mil dias”, mas o que se refere a “uma só noite” ficou por esclarecer, já que o casalinho apaixonado não esteve junto apenas uma noite. É mais um exemplo das traduções livres que se fazem de títulos de obras estrangeiras… Custava muito traduzir à letra o título original – Letters from Skye?

Agora sim, ponho fim a este texto, mas queria ainda desejar a todos que estão desse lado e que perdem um bocadinho do seu tempo vindo aqui, ao meu cantinho, um 2018 repleto de tudo aquilo que faça da vossa vida uma vida ainda melhor e que o novo ano se recheie de leituras extraordinariamente saborosas! Obrigada por estarem aí!

NOTA – 07/10

Sinopse

Março de 1912. A jovem poetisa Elspeth Dunn nunca saiu da remota ilha escocesa de Skye, onde vive, e é com grande surpresa que recebe a primeira carta de um admirador do outro lado do Atlântico. É o início de uma intensa troca de correspondência que culminará num grande amor. Subitamente, a Europa vê-se envolvida numa Guerra Mundial, e o curso normal das vidas é abruptamente interrompido. 

Junho de 1940. O Velho Continente vive mais uma vez o tormento de um conflito mundial e uma nova troca epistolar incendeia os corações de dois amantes, desta vez o de Margareth, filha de Elspeth, e o do jovem piloto da Royal Air Force por quem se apaixonou. Cheio de glamour e de pormenores de época, este romance faz a ponte entre as vidas de duas gerações – os seus sonhos, as suas paixões e esperanças -, e é um testemunho do poder do amor sobre as maiores adversidades.

Primeiro livro da autora, um romance único que faz a ponte entre duas gerações – os seus sonhos, as suas paixões e esperanças e as duas Guerras Mundiais. Um testemunho do poder do amor sobre as maiores adversidades.

in O sabor dos meus livros

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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