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Meditar

Perguntaram a Buddha: “Que ganho eu com meditação?” Buddha respondeu “- Nada” e acrescentou, “- Mas deixe-me dizer-lhe o que perde… Ansiedade, Raiva, Depressão, Insegurança, Medo da Velhice e da Morte.

Todos nós sabemos que um dia vamos morrer. Todos nós sabemos que não morrendo de novos não escaparemos à velhice. Todos nós sabemos que a um certo ponto das nossas vidas vamos ficar doentes. Uma gripe, uma terrível dor de barriga, uma dor de cabeça pesadíssima, uma dor de costas, enfim, isto para nem entrar em exageros e falar de coisas bem mais graves e sem solução, a que qualquer um de nós está sujeito. Todos nós sabemos que mais dia menos dia seremos separados do que gostamos, de quem amamos, do que nos dá prazer, e nisso, obviamente a morte tem uma influência determinante.

Mas… quantos de nós já tirou uns minutos dos seus afazeres, das suas vidas tão ocupadas e tão escassas no que respeita ao tempo que deveríamos dedicar a viver de verdade, e se isolou, por exemplo, sozinho, sem distúrbios, em silêncio, para refletir em cada uma destas realidades de que se fala? Morte, velhice, doença, ser separado do que se gosta e de quem se gosta. Quantos de nós, em silêncio, se atrevem a dedicar cerca de três minutos a cada um destes temas e a refletir profundamente e sabiamente sobre eles? Como nos fará sentir esta reflexão, esta meditação, depois disso. Ficaremos mais depressivos, com medo, ansiosos? Ou depois disso damos mais valor à vida e apreciamos a felicidade plena de estar vivos, enquanto estamos, e reconheceremos essa felicidade no que de mais simples a vida contém.

Experimentei. Faço meditação quase todas as noites. E digo quase, porque, quer queiramos quer não, na vida há coisas que não podemos controlar diretamente, e nessas alturas, não me é possível dedicar tempo à meditação, mas nas que posso controlar, espero que o silêncio da noite se abata sobre a quietude do meu quarto, e medito.

Depois de encontrar a estabilidade do silêncio e da quietude do meu corpo, mas mais da minha mente, depois de a esvaziar dos conteúdos que o dia me trouxe, e antes de mergulhar na imensidão desse mesmo silêncio e quietude, experimento uma outra variante da meditação e mergulho na reflexão em cada um dos temas, dedicando tempo a cada um deles.

Quando acabo, sinto-me mais vivo do que nunca. Valorizo a vida e o que ela contém, e em termos materiais não contém muito de facto, e sinto-me feliz pela riqueza de sentimentos e de valor que dou a cada ser humano, e a cada momento que viverei enquanto por cá andar neste mundo.

Não há ninguém que possa garantir que daqui por uma hora estará vivo. Não há ninguém que possa garantir que vai viver o dia de amanhã. Não há ninguém que possa garantir que nunca ficará doente, que nunca será velhinho, que vai ter o que gosta e quem gosta para todo o sempre. São realidades às quais nenhum ser vivo pode escapar. Para mim, é motivo mais do que suficiente para valorizar cada momento da minha vida, para agradecer cada dia com reconhecimento e gratidão, para amar e estender a minha amizade a qualquer ser humano, especialmente os que mais precisam, e mesmo até os que de vez em quando me irritam à brava. Também eu os irritarei em qualquer altura da minha vida, mesmo que nem sempre me aperceba disso.

E por último, falta acrescentar que, somos responsáveis pelas nossas ações. Somos donos das nossas ações. Somos as consequências das nossas ações. E se, à meditação sobre os temas de que falei acima, acrescentarmos uma meditação a esta realidade das nossas ações e das nossas responsabilidades e consequências sobre elas, fizermos um reflexão séria, profunda e sábia, duvido que isso não nos torne pessoas melhores.

Oração é quando falamos com Deus. Meditação é quando Deus fala connosco.

 

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