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Infarmed em Lisboa

Se existem coisas estranhas na política, é um dirigente anunciar com pompa, convicção e circunstância, uma medida que ninguém tinha pedido, mas que gerou desde logo controvérsia e confusão.

Como tal, anunciar que o Infarmed passaria para o Porto, foi um puro acto de demagogia de ponta como forma de compensar a cidade do norte, por ter sido preterida na escolha da nova sede para a Agência Europeia do Medicamento.

Já agora, e em modos de declaração de interesses, sou um regionalista profundo, mas reconheço que Lisboa enquanto cidade de todos os portugueses e não apenas dos lisboetas, é uma capital fantástica!

E porque é que eu sou regionalista? Não é por eu achar que os pastéis conventuais são melhores em Coimbra que noutro local qualquer, ou que a Beira Litoral é a região mais bonita de Portugal, ou isto ou aquilo! Eu sou regionalista porque acho que os cidadãos têm que decidir ou estarem próximos da decisão, e certamente não virá grande mal ao país que as couves que os putos comem na sopa da escola, sejam adquiridas no mercado local, dinamizando a economia local, e não, em plataformas de concursos públicos apenas acessíveis a grande grupos económicos, que são capazes de produzir e servir 100.000 refeições para crianças em apenas um dia.

Em relação ao Infarmed pela simples ameaça de ser deslocalizado para o Porto, soltou-se o demo. Mas todos achamos normal que cidadãos de Coimbra, do Porto, de Seia, de Guimarães, tenham um quarto alugado em Lisboa para poderem trabalhar no Governo e na Administração Pública. E lá vão eles à segunda-feira de madrugada para Lisboa e regressam a casa ao final de sexta-feira, depois de estarem cinco dia a comerem refeições em lugares assombrosos e gordurosos a 5€ a refeição.

É a vida, mas vida é para todos, e porque raio 400 pessoas não se podem deslocar semanalmente para o Porto, quando milhares fazem o trajecto inverso? Já agora, quantos se indignaram por a Direcção Regional de Agricultura e Pescas se ter mudado de Coimbra para Castelo Branco (cidade muito pesqueira), e a Direcção Regional de Economia se ter mudado para Aveiro, apenas por assumido compromisso político conforme afirmou Manuel Pinho?

Isto é terrível, quando associado a um centralismo na decisão, temos uma concentração geográfica dos órgãos de decisão, e uma mentalidade mesquinha e tacanha de que nada pode ser feito fora de Lisboa. Com calma e bom senso, podemos começar a descentralizar geograficamente algumas direcções gerais, algumas Secretarias de Estado… Com calma, bom senso e algum trabalho, poder-se-á poupar imensos recursos financeiros, incentivando a decisão regional em detrimento da autárquica.

O que nos vendem? Que a regionalização é só mais não sei gajos no poleiro! Mas depois todos elogiam a regionalização dos Açores e Madeira! Ora porra!

 

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