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Guião de (des)culpas mais ou menos parvas para o incêndio de Pedrógão Grande

Tantas têm sido as desculpas e atribuição de culpas no trágico caso do incêndio de Pedrógão Grande que ceifou 64 vidas, que decidi aqui elencar aleatoriamente, por ordem nada lógica nem alfabética, uma lista das principais des(culpas) parvas para o incêndio de Pedrogão Grande:

  • “(Des)culpa mau feitio” – Uma das primeiras desculpas para o sucedido foi dada logo na noite da tragédia pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses: “A força da natureza quando está zangada é muito difícil de um homem a poder contrariar”. Se virmos bem, é tal e qual como quando uma mulher está com a tensão pré-menstrual: ai de algum homem que a tente contrariar… no mínimo fica chamuscado! Sem dúvida uma belíssima metáfora do senhor comendador Jaime Soares…
  • “(Des)culpa bafo d’álcool” – “Ó meu sargento, agora que cortámos o IC8, o que fazemos com os carros?” / “É desviá-los para as estradas secundárias. Mas avisem o capitão ‘Kopos’ para não abrir a boca” / “Porquê meu sargento?” / “Porque com a quantidade de álcool que ele ingeriu, só o seu bafo é capaz de provocar um incêndio”. E não é que o capitão ‘Kopos’ se virou para a EN236-1 e soltou um valente arroto, precisamente depois de para lá ter ‘despachado’ meia dúzia de veículos? O resto da história já a conhecemos…
  • “(Des)culpa Sin Responsabilidad” – Quem foi o irresponsável que se lembrou de criar uma Rede Nacional de Emergência e Segurança com o nome de SIRESP? Estava-se mesmo a ver que era para quando ela falhasse, como parece ter sido o caso no fatídico dia 17 de Junho, virem depois os (ir)responsáveis por esta rede alegarem em sua defesa: “SIRESP: Sin Responsabilidad”.
  • “(Des)culpa The Walking Dead” – Foi a derradeira tentativa de tornar Pedrógão Grande a meca do cinema fantástico e do horror, convencendo os produtores de “The Walking Dead” a trocarem Atlanta, na Geórgia (EUA), pela capital do Pinhal Interior (ou melhor dizendo ‘Eucaliptal Interior’), Portugal. Neste caso, a suspeita de fogo posto recai sobre um ou uma fã do herói Rick ou do vilão Negan…
  • “(Des)culpa Lágrimas Secas” – Se todos os actores no terreno tivessem chorado tanto como a Ministra da Administração Interna, o incêndio de Pedrógão Grande tinha sido controlado logo às primeiras horas de deflagração. Aconselha-se, por isso, aos bombeiros, técnicos da protecção civil, governantes locais e nacionais e à população em geral que numa próxima situação semelhante, sigam o grande exemplo de Constança Urbano de Sousa e chorem, chorem muito!
  • “(Des)culpa do raio que a parta” – No meio de centenas de milhares de árvores ardidas e deformadas, a nossa fantástica PJ conseguiu encontrar a árvore atingida por um raio. “Já estamos habituados a lidar com vítimas de violência doméstica, em muito pior estado” – terá justificado um elemento desta força policial (ou talvez não). A árvore já foi presente ao juiz Carlos Alexandre, o qual decretou prisão preventiva pois corria-se o risco de destruição de provas caso a árvore ficasse sujeita à violência dos elementos da natureza, tais como o vento ou a chuva…
  • “(Des)culpa Empática-Urbano” – O presidente da Associação Nacional de Sargentos da GNR, José Lopes, diz que a Ministra da Administração Interna não coordenou as forças no terreno e que não tem empatia com a guarda, pelo que se deve demitir. Penso que isso se resolve (falo da empatia), talvez com um calendário solidário, em que Constança Urbano de Sousa mostre algo mais do que as suas lágrimas…
  • “(Des)culpa meteorológica sovina” – No período antecedente à ocorrência do incêndio, o satélite Meteosat, registava na Região Centro a formação de instabilidade e poucos minutos depois o registo da formação de nuvens de evolução que normalmente originam trovoadas, bem como o registo da queda de um raio. Até nisso a natureza é sovina: só e apenas um raio! Se fosse em Lisboa ou no Porto tenho a certeza que a natureza faria cair dúzias de raios, mas como foi no interior esquecido e ostracizado, fez cair um único raio! É caso para dizer: natureza sovina de um raio!
  • “(Des)culpa eleitoral” – Em ano de eleições autárquicas, o que querem os candidatos? Isso mesmo: protagonismo! E, infelizmente, protagonismo foi coisa que não faltou ao autarca de Pedrógão Grande. E pelas piores razões! Valdemar Alves é o típico vira-casacas: candidato à câmara primeiro pelo PSD, depois pelo PS. Mas nem o facto de saber manobrar bem a casaca o ajudou a abafar o fogo de Pedrógão. E quem sabe se o incêndio não ocorreu devido ao clima eleitoral escaldante vivido no pinhal interior, opppsss, quero dizer eucaliptal interior…
  • “(Des)culpa do Peido do Salvador Sobral” – Salvador Sobral tinha passado o dia no Complexo Balnear na Praia das Rocas a fazer borbulhinhas na piscina com os seus peidos quando ao final da tarde de sábado, de regresso a Fafe (onde tinha um concerto), ao passar pela EN236-1 mandou uma boa dúzia de valentes bufas. Não obstante o ar condicionado, rapidamente a atmosfera interior do veículo automóvel em que circulava se tornou irrespirável, o que o levou a abrir os vidros! Acto contínuo, violentas explosões em cadeia deixaram a agora conhecida como “estrada da morte”, envolta em violentas labaredas e, Salvador, ala… prego a fundo que se faz tarde para outros peidos…

Nota final: escrevi este texto em jeito de sátira como são aliás todos os textos que escrevo, o que não significa que não partilhe a dor com todos aqueles que perderam familiares e amigos na tragédia do passado dia 17 de Junho em Pedrógão Grande. A todos eles, os meus sentidos pêsames!

Daniel Luís

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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