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É triste ser velho

A.T. era um homem bom. Conheci-o no Porto, nos anos oitenta. Tinha casa em Macieira, donde era natural. Casa, que construíra lentamente, porque, não era rico, nem nascera em berço de oiro.
Edificara residência ampla, para caberem os numerosos filhos, sempre sonhando que mais tarde os netos o fossem visitar.

Quem sabe passarem as férias na sua companhia…

Todos os fins de semana esperava a carreira, junto da Estação de S. Bento. As obrigações, a catequese, e o amor à terra natal, a isso obrigava.

Um dia ficou doente e viúvo. Os filhos, que o amavam extremosamente, receberam-no em sua casa…. Mas sentia-se deslocado. “ Querem intimidade!…” – dizia; e terminava com desanimo estampado no rosto:

– “ A casa dos pais é sempre a dos filhos; mas a dos filhos nem sempre é a dos pais!…”

***

Conheci casal em Trás-os-Montes com vários filhos. Construíram, com sacrifício, moradia, onde cada um tinha seu quarto. “ É para o futuro…” – diziam. Os filhos casaram; criaram novos lares; o marido faleceu, e a senhora ficou só na solidão da sua casa.

Alimentou a esperança, que os netos a fossem visitar… mas preferiam a praia… as areias morenas do Algarve…

Certo dia, a Joana, comunicou-lhe que ia passar parte da férias grandes, em sua companhia.

Rejubilou. Recebeu-a de coração transbordando de alegria:

– “Como estou feliz!…Joaninha, por teres vindo passar uns dias com a avó!…”
– “Vim de castigo!… – retorquiu a netinha. – Meu pai, por não ter boas notas, disse-me: “ Vais de castigo para casa da avó!…”

Estes dois casos, verdadeiros, ocorridos não há muitos anos, fazem-nos pensar, e reflectir, sobre a triste situação de muitos idosos.

É triste ser velho… Incompreendido… até pelos seus.

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