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Deputada portuguesa na Alemanha lamenta crescimento da extrema-direita

Seis meses depois da posse do governo da chanceler alemã Angela Merkel, a deputada portuguesa do SPD Susana dos Santos Hermann lamenta o crescimento da extrema-direita no país, não só na política, mas também nas ruas.

“Estou convicta de que os principais problemas na Alemanha não são económicos. Eles existem seguramente, mas também há um sentimento de que não há uma alternativa política, e isso deixou crescer uma alternativa da extrema-direita, não só no parlamento em Berlim, mas nos parlamentos regionais, nas ruas, nas estradas, em debates e em manifestações”, sublinha Susana dos Santos Hermann, eleita para o parlamento regional do estado federado da Renânia Norte-Vestefália.

Depois das eleições legislativas de 2017 e de meio ano de instabilidade política, o SPD acabou por aceder a formar novamente uma Grande Coligação com a CDU e a CSU, cujo governo tomou posse a 14 de março. Não sem antes perder o líder, Martin Schulz, e sujeitar-se a um referendo interno.

“No meu estado houve um grupo de deputados da assembleia regional que se posicionou contra a entrada na coligação. Eu também. Porque considero que temos que dar vida à democracia e por isso também mostrar que há diferenças entre os conservadores da CDU e CSU e o SPD. Entretanto houve um referendo dentro do partido, a maioria disse que queria entrar na coligação e eu não vou trabalhar contra uma decisão democrática”, disse à Lusa Susana dos Santos Hermann, a primeira portuguesa a ser eleita para um parlamento regional na Alemanha.

O SPD obteve, nas últimas eleições legislativas, o pior resultado de sempre desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Depois da saída de cena de Martin Schulz e da entrada de Andrea Nahles como líder dos social-democratas alemães, a popularidade manteve-se baixa.

Susana dos Santos Hermann acredita que “o SPD também está com os problemas com que está porque há muita dificuldade em mostrar que há diferenças entre o centro esquerda e o centro direita.”

O percurso político de Susana dos Santos Hermann começou cedo, quando, na Universidade de Colónia, se juntou a um grupo de jovens socialistas.

Começou a atividade política nos anos 80 e, em 1990, entrou para de centro esquerda SPD. A partir daí assumiu “vários cargos dentro do partido a nível local”.

Em 2004, foi eleita pela primeira vez para a Assembleia Municipal em Colónia e, em 2017, para o parlamento regional do estado federado da Renânia do Norte-Vestefália.

“Apesar das dificuldades no início do governo de Angela Merkel, o SPD tem um papel de estabilidade e de responsabilidade pelo país. As dificuldades e a quase rutura do governo deve-se à parte conservadora e, principalmente, à CSU porque parece estar com medo do eleitorado e das eleições na Baviera, em outubro. Está à procura de representar opiniões que, se não são já de extrema-direita, estão muito perto”, acredita Susana dos Santos Hermann.

Horst Seehofer, líder da CSU (partido irmão da CDU) e ministro do interior alemão, disse há dias que “a questão da migração é a mãe de todos os problemas políticos na Alemanha”.

“Acho que ele está a popularizar uma ideia que vai além da política atual de receber e de integrar refugiados de África ou de países árabes. Ele ataca o centro da sociedade alemã. Acho que é perigosíssimo para o futuro de uma Alemanha estável e democrática. Acho que ele está mesmo a brincar com fogo”, defendeu Susana dos Santos Hermann.

Filha de emigrantes portugueses, a deputada faz um balanço positivo da atuação do SPD nos primeiros seis meses da nova legislatura, revelando que o partido conseguiu “algumas boas metas, principalmente na política de pensões e das reformas para trabalhadores da função pública, no investimento na infraestrutura pública, por exemplo no aumento dos lugares em jardins de infância”.

Nas eleições legislativas de 24 de setembro de 2017, a CDU de Angela Merkel e a aliada União Social-Cristã (CSU) da Baviera conquistaram 33% dos votos, menos que os 41,5% conseguidos há quatro anos. O Partido Social-Democrata (SPD) ficou atrás, com 20,5%, abaixo dos 25,7%.

A Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) conquistou 12,6% dos votos. O governo foi formado a 14 de março deste ano.

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