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Bolsonaro

A pedido da minha prima Manuela Moreira, eu vou falar sobre o que eu penso sobre Bolsonaro. Uma vez que elogia ditadores, acha que as mulheres devem ter um salário inferior aos homens porque engravidam, defende a tortura, é homofóbico, e imagino eu, que estando o vento de feição, certamente será também apoiante de milícias populares e da pena de morte, claro que nunca na vida iria votar num fulano deste gabarito.

O problema não é o que eu penso de Bolsonaro mas sim, o que levou 46% dos brasileiros a acharem que um tipo xenófobo, que não respeita os mais elementares direitos do Homem, e com tiques racistas, a votarem no homem para Presidente do Brasil, e ainda por cima, onde o poder executivo está nas mãos do Presidente. A votação deverá subir para 60% nas eleições para segunda volta.

É a prova que já não basta acusar um candidato de ser de extrema-direita para que ele deixe de ter votos! E eu acho que muita gente ainda nem pensou nisso, nomeadamente ao achar que nem precisa de apresentar solução para os anseios de uma população, e depois dá no que dá: as pessoas aderem a discursos populistas e que propõem modelos de organização diferentes das actuais e inflamam o discurso contra o statu quo.

Eu não acredito que 46% dos brasileiros sejam de extrema-direita, que sejam xenófobos, ainda para mais num país multicultural e que e “exporta” gente. Eu não acredito que achem que as mulheres devem ter salários inferiores, que tenham saudades da ditadura e promovam a tortura.

E na minha opinião, acho que entender este fenómeno é essencial para compreender o que se passa no Brasil. E os brasileiros estão dispostos em abdicar da democracia, dos direitos humanos em favor de alguma coisa. O que é que eles desejam? Segundo vários estudos (basta pesquisar no Google), desejam segurança e a melhoria da economia! Não estão muito preocupados com direitos ou democracia! É compreensível? Compreendo embora não concorde! Mas compreendo, e sei que deve ser terrível sair à rua no Brasil, e entender que a probabilidade de uma pessoa morrer assassinada, é mais de 30 vezes superior a essa mesma pessoa sair à rua em Portugal.

E então, preferem a violência selectiva do Estado à violência da rua. Preferem deixar de escolher quem elegem. O que Bolsonaro defende, é algo parecido com um regime fascista, e o fascismo foi beber muita ideologia no socialismo, neste caso, uma economia de mercado com Estado forte, omnipresente e interventivo social e economicamente.

Assim à primeira vista, todos os regimes com tiques fascistas ou comunistas se deram mal ao longo do tempo depois de um sucesso fugaz inicial. Mas os brasileiros irão escolher um desses regimes, é uma opção deles sendo, eventualmente, o próximo dia 28 de Outubro de 2018 ó último acto acto democrático praticado no Brasil até uma próxima revolução.

Mas que dizer acerca disso? Não sei, não sou brasileiro, não vivo no Brasil e só lá fui em férias e andei com o meu telemóvel e a carteira no bolso e nunca me senti em insegurança, mas claro que evitei zonas que disseram serem mais complicadas. Mas daquilo que tenho lido nos últimos anos escrito por brasileiros, é que não podem sair à rua sem medo, sem os cuidados necessários, e isso é terrível o medo de pôr o pé na rua, priva-nos da liberdade que tanto falamos e apregoamos. Que me vale a democracia se estou preso no meio de uma sociedade violenta? E muito sinceramente, se fosse brasileiro, não sei o que faria.

Curiosamente eu acho, e daquilo que tenho lido, o próprio PT não está isento de culpa na mais do que provável eleição de Bolsonaro. Depois de escândalos atrás de escândalos, em vez de se regenerar continuou a insistir nos mesmos líderes políticos, a justificar o aperto com teorias da conspiração, nomeadamente atacando um dos pilares básicos de uma democracia: a Justiça e o sistema judiciário. E se estava mal, tivessem aprimorado antes dos escândalos e denuncias para parecer que legislavam de forma isenta.

Talvez eu tenha sido injusto nalguns aspectos, mas é isso que eu penso. Claro que posso estar errado.

 

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