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Blim blom. Ich bin endlich hier!

muitas vezes buscamos cursos para nos adequar ao mercado. Pesquisamos o que pensamos ou tentamos mostrar que estamos atentos às tendências [sic]. Mas, que sentido isso faz? Até a formatura seremos outros, afinal, não se banha num mesmo rio duas vezes. Em dois semestres, que parece tão pouco, o mundo, o mercado, as relações, também serão outras. Tudo está a mudar em maior velocidade. Imagine em 6, 8 semestres?

apesar de nunca ter tido grana para cursos na infância e livros infantis, eu ganhava gibis e na pré-adolescência adesivos aos domingos. Já ali algo se construía em mim, sem perceber. Nada do que fiz no passado se perdeu. Desde o viajar de velotrol pelas paragens do terraço [ as plantas, porque, claro, ponto de ônibus precisa de estrutura mínima para que os passageiros aguardem, certo? ], às coisas de que mais gostava na escola, como colagens, pesquisas, especialmente das capas das pesquisas e de desenhar animais por dentro [ quanto mais detalhado, melhor ], de mapas… Mapas… Tive um professor que enviava nossos mapas ao céu e ao purgatório, com direito a canção durante o processo. Foi com quem repensei sobre a importância de avaliar alunos, sobre o direito das mulheres. Com ele descobri a importância das sufragistas. No fim aprendemos aquilo que nos marca. Em outras palavras, como um ex-professor de Literatura me disse: “o aluno só aprende quando traumatiza”. Talvez ele seja mais preciso do que eu, à luz de sua experiência.

no Skype deste fim de semana, comentei mais uma vez sobre o meu projeto de escrita, desenho, design e trabalhos menores, a fim de deixar o cérebro vagar, ao estilo de quando lavamos louça e temos ideias geniais. Sobre minha despretensão desde sempre acerca do “no que dariam as coisas”, que eu apenas queria matar minhas vontades de entendê-las. Ela disse: “ah, é, bem que você matou a parede do seu quarto assim.” Concordei e acrescentei: é, e onde eu não alcançava, ficava nas pontas dos pés e fazia uma curva tipo guarda-chuva, para preencher um pouco mais além com os pedaços de giz. Os laranjas e azuis foram mais longe, em garatujas e bonecos, casinhas e aviões entre as nuvens.

além, um amigo com quem trabalhei dizia que eu tinha um “grito no peito”, talvez, eu quisesse entender coisas, ver de cima, sei lá de onde. Entender o por quê de não conseguir ver ou imaginar o que se escondia atrás do morro que dava para a janela de casa.

eu não sei o que estou fazendo com minha vida e não tenho problemas em dizer isso. Fiz tudo o que queria. Se Sócrates me permitir seguir junto sem saber, iremos de mãos dadas. Se essa viagem acabasse agora, não poderia estar mais completa. De verdade. Agora posso mais ainda, independente de quantos dias ainda tenho neste incrível planeta.

tentei seguir e ao mesmo tempo evitar ou adiar algumas coisas que gostaria de fazer e elas se mostraram diante de mim. Ando em espiral. A sincronicidade não descansa. [ Claro, tá achando que só Murphy me ama? ]. Fui abraçando as paixões com intensidade até aonde cabiam e cabem. Segui. Seguimos.

hoje sinto viver a reunião de tudo que aprendi nas universidades, pós-graduações, bicos, becos, cursinhos e livros. E livros, claro, porque aí não preciso pedir permissão para ser discípula, apenas folheio e tomo assento -, mas, nossa, como aprendo nos momentos mais improváveis.

errei desastrosamente o preenchimento de uma rua no Maps. Na realidade ele não aceitou um ‘Am’, que era importante antes do nome da rua. Fui parar a caminho de Essen, pós Leverkusen, quando era algo bem mais simples. Perdi tempo, ganhei velocidade. Tempo para ele, para nós, velocidade. Uma confusão divertida de tradução. Trouxe fúria temporal aos dedos, poderia dizer. Foi bacana. Fiquei pensando na vida, na falta de bateria do celular. No retorno da confiança da memória. Memória para que eu chegasse ao destino, sem me perder mais, a partir do que eu lembrava do mapa e palavra, porque havia marcado um horário e cheguei uma hora depois, se não mais. A pessoa me esperou. Ufa! Algo me dizia para não desistir. Fui.

cheguei em uma parte da cidade totalmente bucólica, leve. Ainda mais silenciosa – algo que nem conseguia imaginar que existisse. Brinco que os bebês e cães aqui são adestrados, mudos. Nada fora do controle, do lugar. Com suas devidas reservas, claro, mas, no geral, creio que Gil compôs sua canção aqui: “a paz invadiu o meu coração…”.

blim blom. Ich bin endlich hier! o Uma senhora de sorriso suave abriu a porta. Contou-me sobre tanta coisa importante, interessante, incrível, que a vontade era de armar uma barraca e só sair do lado dela daqui a um ano. Daí, talvez, essa conversa chegasse perto do fim. Sabe aquelas pessoas ricas, mas que não têm nada mais reluzente que o olhar? Pois. Ganhei uma caixa com os maiores tesouros e espero que contenha também toda a carga de empolgação em desbravar ainda mais. No fim, valeu ainda mais por conhecê-la e os minutos trocados com ela. E no tanto que agradeci pelo que aprendi de alemão e este encontro ter sido possível. <3 Não perder a oportunidade de me conectar com pessoas desconhecidas é belo demais. Ela é psicóloga e já morou em muitas partes do mundo, fala vários idiomas, mas conta tudo isso com a naturalidade de quem se senta pra tomar ar à sombra de um cheiroso pé de manga.

saí de sua casa não apenas com mapas, mas com tesouros encontrados, várias anotações mentais, links e caminhos. O universo é muito bacana. E o mundo um quintal frondoso.

até a próxima.

[ dos lampejos do passado, vive hoje Tatiana Vieira. Designer Gráfica, de Moda, Interiores, coladora de stickers pelo mundo, colecionadora de bobagens e autora do projeto O Mundo é o Meu Quintal, em que vive as Viagens de Süssie: www.etereadesign.com/blog ]

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