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A propósito do SNS

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António Arnaut denuncia que as “falhas do Estado na Saúde são iguais às dos incêndios”. Pena que o PS não ouça. O SNS significa, com os socialistas, a austeridade sem troika. É o custo de oportunidade da conversa à volta do défice e da devolução de rendimentos, com doentes que penam e profissionais de saúde em número insuficiente a quem se exigem milagres, para que António Costa venda demagogia, contando com os votos que não merece.

Questionado no Parlamento sobre casos de indignidade que abrem noticiários, o primeiro-ministro respondeu que “não podemos olhar para a realidade e confundi-la com a perceção da realidade”. Traduzindo, está tudo bem, as pessoas é que não percebem. Inacreditável.

Que perceção devemos então ter das imagens de doentes em macas, amontoados em corredores e vãos de escada de hospitais sobrelotados, durante dias e semanas? Achará que alucinam?

Ou dos relatos de salas com 60 e 80 doentes, tendo capacidade para 24 apenas? Que está tudo bem?

Ou da falta de roupa de cama, toalhas e fardas para os funcionários, aumentando o risco de infeções dos doentes, como revelado por quem os trata? Que é excesso de zelo?

Ou dos relatórios do Tribunal de Contas, que mostram o aumento das listas de espera para consultas e cirurgias, apesar do apagão que os socialistas fizeram dos pedidos antigos para falseamento dos indicadores de desempenho? Que esperar nunca fez mal a ninguém?

Ou da avaliação da Entidade Reguladora da Saúde, com o valor mais baixo nos parâmetros de qualidade dos hospitais desde 2013 e na adequação das instalações desde 2015? Que os doentes estavam mal habituados?

Ou das dívidas aos fornecedores do SNS, que já aumentaram para valores acima de mil milhões de euros? Que as empresas é que não percebem que têm de trabalhar de graça, ou passar dificuldades, para satisfação dos dogmas da “geringonça” que governa, bem expressos por Mariana Mortágua em artigo recente, dizendo que “por melhores que sejam os profissionais no privado, há algo de profundamente perverso na ideia de que a nossa doença, e o seu tratamento, pode ser o lucro de outro”?

Bem sabemos que Catarina Martins prefere ser operada por um médico que tenha sido feliz na escola, do que por outro que tenha feito exames. Ainda assim, a maioria dos portugueses prefere estar entregue a um médico competente, do que morrer às mãos de um médico bem-disposto.

Se há tantos profissionais de saúde mal pagos no SNS, a culpa não será certamente dos privados. É do Estado. Se os querem manter, convirá que os estimem e invistam nos hospitais públicos. O SNS não vive de proclamações baratas.

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