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A portuguesa de Liège que ajudou a descobrir os sete novos exoplanetas

This artist’s impression shows an imagined view of the three planets orbiting an ultracool dwarf star just 40 light-years from Earth that were discovered using the TRAPPIST telescope at ESO’s La Silla Observatory. These worlds have sizes and temperatures similar to those of Venus and Earth and may be the best targets found so far for the search for life outside the Solar System. They are the first planets ever discovered around such a tiny and dim star. In this view one of the inner planets is seen in transit across the disc of its tiny and dim parent star.

Há pouco mais de um ano a trabalhar no grupo de Michaël Gillon, da Universidade de Liège, a investigadora portuguesa Catarina Fernandes, de 31 anos, é uma das autoras do artigo publicado na revista Nature sobre a descoberta dos sete novos exoplanetas parecidos com a Terra. A ela coube-lhe fazer durante dez dias, em julho do ano passado, as observações para determinar o período orbital (o tempo que dura uma órbita completa em torno da estrela) de dois deles: os planetas d (período orbital de quatro dias) e f (período orbital de nove dias) do sistema Trappist-1. Este último é um dos que pode ter água.

“Foi uma sorte, e foi a primeira vez que fiz observações astronómicas”, contou ao DN em entrevista telefónica. “Era preciso fazer aquela observação no telescópio SAAO, de um metro, que está instalado perto da Cidade do Cabo, na África do Sul, e eu era a única no grupo que na altura estava disponível para ir.” Foi. E, durante dez dias, a sua rotina mudou radicalmente. “Acordava a meio da tarde, tomava o pequeno-almoço à hora de almoço e, depois de o Sol se pôr, fazia as observações, que duravam toda a noite.” Isso permitiu perceber depois que aqueles planetas levam poucos dias a completar uma órbita em torno da sua estrela, porque se encontram a distâncias muito menores da sua estrela, quando comparadas com as distâncias no nosso sistema solar.

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Para Catarina Fernandes, a principal importância da descoberta do novo sistema solar, com os seus sete planetas rochosos de tamanho idêntico à Terra e com temperaturas também semelhantes, é a de que ele servirá a partir de agora como referência “para o estudo de atmosferas de exoplanetas, porque fornece a informação sobre o que é essencial observar e estudar”, diz.

Catarina Fernandes fez a licenciatura em Física na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ganhou uma bolsa para fazer mestrado, também em Física, mas em Copenhaga, e depois regressou a Portugal com uma bolsa de investigação na área da biofísica. Está há pouco mais de um ano com uma bolsa de doutoramento na Universidade de Liège, onde vai ficar durante mais dois anos, a trabalhar no projeto Speculoos, que utilizando telescópios terrestres com um metro de comprimento, como o SAAO, na África do Sul, vai fazer um rastreio sistemático de estrelas anãs-vermelhas na Via Láctea, para se poder identificar novos sistemas solares do tipo do Trappist-1.

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